domingo, 10 de maio de 2020

MeToo: Mulheres prostitutas se encaixam nesse movimento?

Hoje vamos conversar sobre um assunto em torno do movimento MeToo.









Em outubro de 2017 começou nas redes sociais um movimento com a hashtag #MeToo. A causa era mostrar os abusos sofridos no ambiente de trabalho e contra o assédio sexual e a agressão. O movimento causou um maior barulho quando acusações contra o magnata dos filmes de hollywood Harvey Weinstein vieram ao grande público. Grandes atrizes famosas se posicionaram, como as atrizes Gwyneth Paltrow, Ashley Judd, Jennifer Lawrence e Uma Thurman.


Mais nesse post vamos conversar sobre até onde esse movimento se expande. Comecei a pesquisar sobre o movimento e percebi que o problema é mais fundo. A partir de agora irei destacar os problemas sofridos pelas mulheres da pornografia. Essas mulheres também sentem todo o abuso emocional, físico e traumático que todas as mulheres do mundo sentem. Espero que você, ao lê esse post, se sensibilize, pois deveria sentir a dor dessas mulheres como se fosse a sua. Ninguém mais no mundo vai se importar com os abusos sofridos pelas mulheres...se não as mulheres mesmo.

Irei mostrar agora depoimentos e informações que me deparei ao encontrar o site antiprostituição (vocês podem lê a matéria completa nesse link). Quando abrir o site, a primeira imagem que me deparei foi essa:


Assim que prestei atenção e associei com o movimento MeToo, pensei: "Meu Deus...preciso entender isso!". Então agora iremos lê alguns trechos retirados desse texto que foi traduzido pela Carol Correia.


A apresentação começa assim:

"O que importa aqui é tentar aprender o que a mulher prostituída sabe, porque é de imenso valor. É verdade e está oculto. Ficou oculto por uma razão política: saber que é chegar mais perto de saber como desfazer o sistema de dominação masculina que está em cima de todos nós. (Andrea Dworkin, Prostituição e Supremacia Masculina, 1993)".

Vamos observar em nosso próprio cotidiano como o sistema do patriarcado está em nossas vidas. Homens podem ser sexualmente ativos e são livres e incentivados pela sociedade a permanecerem assim. Entretanto, as mulheres são totalmente restritas a demonstrar qualquer interesse sexual em suas vidas. São até aconselhadas a deixarem seu libido bem escondido.
Então, mulheres fortes e inteligentes que estão lendo esse post, espero que se solidarizem com a dor das mulheres da pornografia. Pois tudo que passamos de intimidação masculina, infelizmente é a rotina dessas mulheres. 

"Há uma razão egoísta pela qual nós, mulheres não-prostituídas, precisamos entender a experiência das mulheres na prostituição: porque nossos piores pesadelos são suas experiências diárias, e porque elas entendem tão claramente como é a misoginia em ação. Como disse Autumn Burris, fundadora da Survivors for Solutions, “a prostituição é #EuTambém sob esteróides devido ao assédio sexual por hora, estupro, avanços indesejados/penetração e comportamento agressivo e violento por homens brancos e privilegiados sexualmente mercantilizando nossos corpos”.
 Mais você deve estar pensando: "Elas escolherem essa vida! É culpa delas passarem por isso!". Com esse pensamento restrito sobre a vida dessas mulheres, você deixa de observar o outro lado da moeda. Vou destacar aqui uma pergunta e espero que conseguimos chegar ao ponto chave da situação: Você conhece alguém que já tenha passado por abuso emocional e fisico em sua vida? Essas mulheres que passaram por isso eram garotas de programa?

Não é de meu interesse questionar seu ponto de vista ou o estilo de vida dessas mulheres, a minha única motivação aqui é mostrar o quando não sabemos sobre os abusos emocionais e físicos que mulheres (TODAS ELAS) sofrem diariamente. Agora vamos lê mais um trecho do site antiprostituição. O primeiro paragrafo é um depoimento:

"Foi apenas de mais para lidar, muito demais. Cada vez que eu estava tomando, de novo e de novo, parecia que eu estava diminuindo cada vez mais, ficando cada vez menor até parecer uma concha de pessoa."  Quando li pela primeira vez essa história, presumi que estava lendo uma descrição da prostituição. Não. Esta história foi de uma operária de fábrica de automóveis em Chicago descrevendo como era quando seu chefe abusou dela. Outra mulher descreveu sua resposta ao abuso sexual na fábrica da Ford: “Ninguém deveria ter que suportar isso. Você tem que se forçar a não sentir nada, não ter nenhuma emoção, a apenas existir” (Chira & Einhorn, 2017)".
 Nesse momento vocês conseguem perceber que o abuso não tem profissão, classe econômica, idade ou qualquer outra desculpa que a sociedade, família e homens colocam como desculpa para justificar tamanho trauma? Não são apenas as mulheres prostituta que sofrem de abuso físico e emocional. Mais infelizmente essas mulheres não tem a atenção que merecem justamente pela sua profissão.

"Essas descrições da sensação ao ser assediada sexualmente no trabalho são idênticas às descrições das mulheres sobre como é a prostituição: “É prejudicial internamente”, disse uma sobrevivente da prostituição de um clube de striptease. “Isso tudo fica em sua mente, tudo o que essas pessoas fazem e dizem a você. Você se pergunta como você poderia fazer isso e por que essas pessoas querem fazer isso com você?” Outra mulher prostituída explicou: “Eles olham para você com essa fome faminta. Te suga inteiro; você se torna essa casca vazia. Eles não estão realmente olhando para você; você não é você. Você não está lá” (Farley, 2003)".

Agora, espero que consigam acompanhar, não uma discussão sobre profissões, e sim uma conversa, onde podemos perceber aonde todo o sistema de abuso consegue chegar. A autoridade masculina existe na indústria do cinema, nos estúdios de música, nas vidas das modelos, nas operárias de fábricas, no escritório de advogacia, existe na prostituição e principalmente  nas residências de inúmeras mulheres. Abuso sexual não tem lugar ou carreira. 

"Mas será que essa maravilhosa e crescente cúpula de vozes femininas inclui mulheres na prostituição? O “eu também” delas é bem-vindo? A prostituição de mulheres na pornografia está incluída no #EuTambém? ".



Por Viviane Alves
Referências tiradas do site https://antiprostituicao.wordpress.com/

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