Tudo bem com vocês?
Imaginem um mundo secundário. Não estou falando apenas de um ambiente sem toxinas e poluição, poderia ser também, mais esse não é o foco aqui. O mundo paralelo que estou instigando vocês a imaginar, é aquele onde uma sociedade não define nossas vidas logo quando nascemos.
Um mundo onde podemos ter a liberdade de tempo para decidimos quem escolhemos ser. Se somos homens, mulheres ou não binários. Um lugar sem distinção de gênero, onde nosso esforço é mais importante que a cor da nossa pele.
Onde podemos livremente nos divertir sem sermos criticadas por quem escolhemos ser, onde ir, com quem conversar e principalmente, onde ser mulher não é uma batalha diária.
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Pensamento Errôneo
Vamos seguir com os temas abordados que sempre tiverem espaço no blog. Um espaço para abrir caminho, onde o que é escrito não é definitivo e sim uma abertura de diálogos e um choque na realidade de cada um.
De forma alguma é uma crítica, e sim uma chance de sairmos da nossa bolha existencial. Existe um pensamento predominante quando falamos de feminismo. Muitos acreditam, que na realidade são um grupo de mulheres que odeiam os homens, não se depilam, não são vaidosas e que querem transformar o mundo de acordo com seus ideais pouco convencionais.
Infelizmente esse é o pensamento de muitas pessoas, homens e de mulheres( existe um grupo denominado anti-feministas feito por mulheres) que acreditam nessa definição deturbada da realidade.
O Que é Ser Feminista
Em seu livro "A História Secreta da Mulher Maravilha", Jill Lepore define muito bem o pensamento errôneo de uma parcela da sociedade e destaca como de fato, as feministas se definem: "As feministas opunham-se á ideia de que as mulheres seriam reformistas, cuja autoridade moral viria de sua diferença em relação aos homens - supostamente, mulheres seriam, por natureza, mais sensíveis, belas, castas e puras - e, em vez disso, defendiam a participação total e igualitária das mulheres na política, no trabalho e nas artes, tendo por base que elas seriam iguais aos homens em tudo"
Esse é o ponto de partida, onde mulheres levantaram as suas vozes para dizer: "Temos as mesmas qualidades e competências que os homens". Porém, isso foi deturbado em diferentes discursos. Onde o fato de abrir espaço para mulheres, de alguma forma, iria criar conflito na família tradicional. Mulheres, ao esquecerem o seu lugar, iriam criar fantasias ilusórias em suas cabeças, acreditando estarem no mesmo nível de seus esposos.
Judith Butler e seu Pensamento Feminista
Vamos destacar aqui uma voz conhecida, para não ficarmos apenas em palavras aleatórias. A filósofa norte americana Judith Butler é famosa por seus estudos queer, teorias de gêneros e feministas. Considerada uma ativista proeminente em seus estudos, Judith é professora da Universidade da Califórnia de Berkeley, onde ensina retórica e literatura comparada.
Em 1990, Judith publicou um artigo, Contingent Foundations: Feminism and the Question of “Postmodernism” , em português foi traduzido como "Fundamentos Contigentes: O Feminismo e a questão do "Pós-Modernismo".
Em seus artigo, Judith é taxativa em não deixar o feminismo parado. O feminismo deve ser vivo e dinâmico. E tem que ser assim,pois a luta para sair do pensamento etilista, onde mulheres feministas são vistas como desordeiras da paz, é fundamental o feminismo desconstruir essa ideia e sempre se reinventar.
"Desconstruir não é negar ou descartar, mas pôr em questão e, o que talvez seja mais importante, abrir um termo, como sujeito, a uma reutilização e uma redistribuição que anteriormente não estavam autorizadas" - Judith Butler
Quando deixamos o velho pensamento para trás, onde feministas são a favor do caos e contra a família, estamos aqui defendemos um espaço para nos redefinir. Como mulheres e cidadãs. Aptas a votar, se divorciar, fazer sexo casual, sair a noite, estar a frente de um grande empresa e ter uma voz ativa, de lado a lado, com os homens. Mulheres que defendem o seu espaço na sociedade se propõe a defender um lugar justo e igualitário a todas as pessoas, independente de seu sexo ou cor de pele, a garantir seu lugar de sucesso na sociedade.
"O feminismo pressupõe que “mulheres” designa um campo de diferenças indesligável, que não pode ser totalizado ou resumido por uma categoria de identidade descritiva, então o próprio termo se torna um lugar de permanente abertura e re-significação" - Judit Butler
Aqui Judith afirma que feministas não podem, jamais, esquecer de lembrar a todos o seu papel de fundamental importância em todos os aspectos na cadeia alimentar. Mulheres dispensam a descrição de serem criaturas frágeis, onde necessitam de cuidados e de serem protegidas por companheiros o tempo todo. Mulheres devem defender seu lugar na mesa de casa e na mesa de seu emprego.
Ser Mulher
Mulheres deveriam pedir aumento de salário com a mesma naturalidade que o sexo masculino consegue. Isso não é estar tomando os lugares deles, é estar, como o feminismo significa, estar no mesmo andar dos homens.
" Desconstruir o sujeito do feminismo não é, portanto, censurar sua utilização, mas, ao contrário, liberar o termo num futuro de múltiplas significações, emancipá-lo das ontologias maternais ou racistas às quais esteve restrito e fazer dele um lugar onde significados não antecipados podem emergir" - Judit Butler
Ser mulher é muito mais abrangente do que as definições impostas pela tirania da sociedade. Donas(os) de casas, mamães/papais, faxineiras(os), cozinheiras(os) são de extrema importância para ambos os sexos. Assim como administra uma empresa, ser executiva(o), CEO, âncora de jornal e muitos outros postos de relevância em nosso cotidiano.
Feminismo não quer guerra com ninguém. Apenas deseja que a louça seja lavada e as posições sociais sejam de um jeito justo e igualitário.
Não acreditem nos discursos de ódio que as feministas são descritas. Feministas são vaidosas e amam os homens. Estas, apenas, desejam estar no mesmo patamar dos homens quando estiverem, por exemplo, recebendo o prêmio de melhor profissional de X área em um concurso.
"Eu decidi que não há nada de errado em se considerar feminista. Então, eu sou uma feminista e todas nós deveríamos ser feministas, porque feminismo é uma outra palavra para igualdade" - Malala Yousafzai
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