Vamos falar de escritores brasileiros!!!
Não é sempre que abrirmos espaço para escritores brasileiros, e devo dizer que isso é um tabu na sociedade brasileiro. Abrir espaço para a obra nacional deveria ser um sistema adquirido por todos os meios de comunicação. Então vamos dá uma voz para um escritor brasileiro, então nesse post vamos falar do Marcelino Freire.
Marcelino Freire nasceu no dia 20 de março de 1967, em Sertânia, no estado de Pernâmbuco. Na capital de Recife começou a fazer teatro e em 1981 começou a escrever. Começou a fazer Letras na Universidade Católica de Pernambuco, mais não terminou. Ele frequentou a Oficina literaria do escritor Raimundo Carrero, sendo premiado anos depois pelo estado de Pernambuco.
Em 1991 se mudou para São Paulo e publicou seus dois primeiros livros, AcRustico (1995) e EraOdito(1998). Em 2006 ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura, sendo finalista do mesmo prêmio em 2014. Ainda nesse ano ganhou o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional.
Seus livros:
- RaOdito (aforismos, 2002)
- Angu de Sangue (contos, 2000)
- BaléRalé (contos, 2003)
- Contos Negreiros (contos, 2005)
- Rasif - Mar que Arrebenta (contos, 2008)
- Amar é crime (contos, 2010)
- Nossos ossos (romance, 2013)
- Bagageiro (ensaios, 2018)
Agora vamos listar os 5 livros de maior destaque do autor. A sua carreira é reconhecida pela literatura brasileira. Seus livros são curtos, mais os seus conteúdos são extenso e abordam principalmente a cultura nacional.
Angu de Sangue
Autor: Marcelino Freire
Ano: 2005
Página: 144
Em seu primeiro livro de contos, Marcelino Freire faz um retrato realista e inusitado do submundo das grandes cidades. Os protagonistas são violentados pelas dores e frustrações de uma sociedade injusta, que os estigmatiza. O autor aborda a realidade dos conflitos urbanos sem demagogias, escapando de uma armadilha comum da ficção social: a sentimentalização da miséria. Seus contos “irradiam uma terceira dimensão que ainda nem tivemos tempo de decifrar”, segundo o escritor João Gilberto Noll.
Contos Negreiros
Autor: Marcelino Freire
Ano: 2020
Página: 126
Em novo formato, Contos negreiros apresenta uma releitura moderna do preconceito, dando um novo olhar aos marginalizados da sociedade.Um dos expoentes de sua geração, Marcelino Freire apresenta 16 narrativas de brasileiros miseráveis que vendem de tudo para sobreviver: drogas, o corpo e até os órgãos. Abordando temas delicados como a prostituição infantil e indígena em “Yamani”, o preconceito racial e conflito de classes em “Solar dos príncipes” e a homossexualidade em “Coração”, o livro chega ao seu ponto alto em “Nação Zumbi”, história de um personagem sem nome que recorre ao tráfico de órgãos para sobreviver.Inspirado em clássicos brasileiros como Cruz e Sousa, Lima Barreto e Jorge de Lima, Contos negreiros esquadrinha, com ironia e bom humor, questões relevantes da atualidade e do cenário político atual, resgatando a memória cultural manchada do Brasil.
Bagageiro
Autor: Marcelino Freire
Ano: 2018
Página: 160
Novo livro de um dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea. Bagageiro, no Recife, é onde se leva todo tipo de coisa em cima da bicicleta: mercadoria, botijão de gás, criança etc. Neste Bagageiro, encontramos uma coletânea de pequenas histórias, entremeadas por comentários – por vezes mordazes – sobre a escrita, o país, o mundo, a vida literária e não literária. Classificados pelo autor como “ensaios de ficção”, os textos reunidos nesta obra fazem parte de um gênero atípico, misturando críticas à realidade, toques de humor sagaz e prosa poética, tudo isso com o estilo único e brilhante de Marcelino Freire.
Amar é crime
Autor: Marcelino Freire
Ano: 2015
Página: 160
Autor de contos e de um romance impactantes, que transformaram o autor em um dos mais celebrados escritores contemporâneos, Marcelino Freire traz, em Amar é crime, uma reunião de histórias em que o amor flerta com seu reverso: a dor, a morte, o mal. Tudo se revela por meio de explosões e de palavras cortantes, sangrentas, no melhor estilo de Marcelino Freire. Marcados pela oralidade e pelo ritmo característicos do escritor pernambucano, os contos são uma mistura sonora entre ficção e repente, e têm o poder de trazer para o centro nobre da literatura personagens marginalizados, invisíveis em nossa sociedade.
Nossos Ossos
Autor: Marcelino Freire
Ano: 2013
Página: 128
Meu nome é Heleno. Sou dramaturgo, protagonista deste prosa longa, primeiro romance de Marcelino Freire, e tenho um corpo morto de um michê para entregar ao seu pai e à sua mãe, mas não sei quem são e nem onde estão. Tudo porque nada escapa ao teatro. As coisas todas vêm ao palco e ficam aqui para sempre. Cheguei em São Paulo por causa de Carlos, meu primeiro amor, e para escrever peças, encantar plateias, “revelar esse mundo e inventar outros”. Para curar doenças, sofrer, amar, ser feliz, ser normal, ser outro, sempre outro narrando também a melancolia da infância, os restos mortais de tudo o que foi falado em minha casa e os fósseis que eu achava em meu quintal. Ah, se não fossem o público, os diretores, os jornalistas, os atores, os preparadores de elenco, os produtores, os outros nordestinos da técnica, eu não poderia fazer cara de necrotério, essa cara de forte, cara de rico, cara de vingança e cara de nada quando fico representando só para mim. E aí vêm meu amor pelo boy, Lourenço me levando para ser “enterrado no coração de meu pai”, o carinho por Picasso, a sinceridade arisca do michê, os seios de Estrela, o porteiro, o assassinato, o bancário, os outros michês, a fábrica de dominó, meus nove irmãos, o delegado, o IML, o cara do táxi no ir-e-vir dessa narrativa que Freire inventou. A malandragem paulistana. As pessoas da noite. As padarias... O teatro para mim era besteira d’alma, eram as brincadeiras vespertinas de criança, a cruz da interpretação, era a lembrança de minha mãe (todas as personagens que eu inventei são ela). Nesta vida, amei os aplausos, as viagens, as críticas de elogio, o sexo de curiosidade com os artistas bem-sucedidos, as metidas de rua, adorei foder gostoso atrás dos fliperamas. Eu amei de tudo e vou continuar amando. Heleno de Gusmão, em depoimento ditado para Paulo Lins.
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