sábado, 23 de maio de 2020

Martelo das Bruxas: As mulheres livres que foram mortas

Olá leitores
Tudo bem com vocês?

Eu sempre me interessei pelo mundo das bruxas, não em seus "feitiços" rsrsrs, mas precisamente em sua história. As bruxas são vistas de uma forma muito distorcida pelas pessoas, pois são sempre associadas a vassouras voadoras, feitiços malignos e tantas outras particularidades que são bem bizarras.

Porém hoje vamos nos deter em um período onde as bruxas sofreram a maior caçada da história da humanidade. Infelizmente a história foi injusta com essas mulheres, houve um período que eram consideras sábias perante a sociedade.Durante um tempo virtuoso a vida das "mulheres bruxas" eram muito boas. Porém, isso iria mudar drasticamente.

Mulheres na época do Malleus Maleficarum eram injustamente estigmatizadas como adoradoras do diabos e indignas de confiança. Mulheres solteiras e viúvas, enfermeiras e curandeiras eram consideras bruxas e torturadas até "confessarem seus crimes". O crime de ser bruxa.

Hoje vamos conhecer um pouco mais da história das mulheres que eram consideras bruxas na época do Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas em português).



Período Próspero


Como ressaltei anteriormente, ouve um período muito bom para as bruxas na história. Podemos observar isso quando a Igreja Católica Romana sob o comando do Papa Gregório, no século VII , concedeu  as bruxas uma certa autonomia sem punição. Nessa época era proibido caçar mulheres que se diziam bruxas.

Existiam dois tipos de bruxas nesse momento da história:

Algumas mulheres bruxas praticavam magias negras, amaldiçoando seus vizinhos e trazendo tempestades e pestes para os seus inimigos. Estas também faziam feitiços para entrelaçar seus amantes.

E existiam as outras bruxas. Nos tempos antigos, entre seus costumes, eram comuns mulheres solteiras ou viúvas serem chamadas de mulheres sábias, por conhecerem os efeitos das ervas medicinais. E apesar de não possuírem nenhum status grandioso na sociedade, eram reconhecidas pelos seus trabalhos como parteira, curandeira, enfermeiras, terapeutas e muitos outros.

A Reviravolta


Mais tudo isso mudos nos anos de 1200  a 1500, quando a bruxaria começou a ser considerada heregia pela Igreja Católica Romana. Qualquer pessoa que escrevesse , lesse ou praticasse qualquer tipo de magia era visto como bruxo. Se uma pessoa fosse vista fazendo pacto com o diabo, matando crianças ou outras atividades horríveis também eram visto como bruxos.

Depois disso o serviço de Caçador de bruxas aumentou na europa e as bruxas sofreram caçadas em várias cantos da Europa, sendo consideras uma espécie demoníaca, acusadas até de provocar a Peste Negra que dizimou 1/3 da população europeia. A caçada as bruxas aumentou significativamente, levando a concepção do Malleus Maleficarum.

O Inquisidor



Heinrich Santiago Kraemer foi um inquisidor alemão e autor do livro Malleus Maleficarum. Uma enciclopédia que ensinava aos homens de bem como identificar as bruxas. Após Kraemer ter fracassado como caçador de bruxas, ele escreveu sua bíblia pessoal.

Uma manual de como identificar bruxas e como tratar essas mulheres. Kraemer considerava as bruxas heréticas e satânicas. O mais importante é que o livro, assim como o seu autor, é o conceito definitivo de loucura, onde acreditava que apenas mulheres eram consideras bruxas veiculadas com o diabo. Kraemer escreveu um livro revelando seu ódio contra as mulheres.

Kraemer acreditava que apenas mulheres eram bruxas, pois considerava estas criaturas possuidoras do poder satânico e conseguiam esse poder através de relações sexuais. Historiadores afirmam que Kraemer possuía esse pensamento por experiência após fracassar como caçador de bruxas.

Quando Kreamer escreveu Malleus Maleficarum seu ódio contra as mulheres ficou ainda mais claro. Ele considerava as mulheres um sinal do apocalipse. Seu pensamento era que as mulheres tinham nascido de forma errônea no inicio dos tempos. . “E como, em virtude dessa falha, a mulher é animal imperfeito, sempre decepciona e mente” - Kraemer.


Malleus Maleficarum ( O martelo das bruxas)


 Malleus Maleficarum expôs os pensamentos de um período na história, onde mulheres eram consideradas de um intelecto inferior, e principalmente, por acreditarem que Eva levou Adão a comer o fruto proibido, viam as mulheres como ligadas ao pecado original. Com esse pensamento, as mulheres eram vistas como pessoas de pouca fé, renegavam sua crença católica... se colocando assim a disposição do diabo, servindo a ele com bruxarias.

"E, com efeito, assim como, em virtude da deficiência original em sua inteligência, são mais propensas a abjurarem a fé, por causa da falha secundária em seus afetos e paixões desordenados também almejam, fomentam e infligem vinganças várias, seja por bruxaria, seja por outros meios. Pelo que não surpreende que tantas bruxas sejam desse sexo" - Kraemer

No livro era dito que os homens possuíam um intelecto e uma crença espiritual maior, entretanto, as mulheres eram emotivas e seus corpos eram concentrados na terra, seu corpo era físico e não espiritual. Kreamer culpava as mulheres pelas tentações que os homens sofriam: “o seu discurso a um só tempo nos aguilhoa e nos deleita. Pelo que sua voz é como o canto das Sereias, que com sua doce melodia seduzem os que se lhes aproximam e os matam. E os matam esvaziando as suas bolsas, consumindo as suas forças e fazendo-os renunciarem a Deus.” - Kraemer.


O Livro


Dividido em três partes, o livro se propunha a identificar as bruxas, como se proteger das bruxas no cotidiano e por último como punir as bruxas.

Com a fama de Malleus Maleficarum sendo propagada pela Europa, muitas mulheres inocentes foram mortas. Pois não mais diferenciava as mulheres curandeiras das mulheres que faziam bruxarias e pactos com o demônio. Na realidade, muitas mulheres que não tinham nenhum vínculo com bruxaria foram torturadas e mortas nesse tempo.

Antes as bruxas estavam ligadas a magia, consideradas boas ou más. Agora essa distinção não existia mais. Esse é um dos períodos mais sanguinários da história, cerca de 40 e 60 mil mulheres foram mortas acusadas de bruxarias.

O livro Malleus Maleficarum teve 13 edições durante seu ápice de horror na Europa. Kraemer em 1495 foi transferido para Veneza onde praticou sermões com um público fiel e morreu em 1505.


Dados oficiais


Em 2003, Margaret Murray publicou o livro "O culto das Bruxas na Europa Ocidental", onde mostra a reforma histórica que o período das caças as bruxas sofreu e hoje temos as seguintes informações:

Livro "O culto das Bruxas
na Europa Ocidental" 
" A "Caça às Bruxas" na Europa começou no fim da Idade Média e foi uma questão de seitas e conotação de processo religioso - político e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição e pelo medo.


A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1580 e 1660. A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer. A maioria das vítimas foram julgadas e executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe os mais intolerantes e cruéis.

Por outro lado, as pessoas julgadas em tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas, o que se denominava na época de Comissões da Verdade as inquisições, com base nos Cânones.

O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram homens. Mulheres estiveram mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como vítimas.

Estudos recentes apontam que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos "casos de endemoniados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O agente causador era um fungo denominado Claviceps purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais.

Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas, afetavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo, eram envenenados e desenvolveram a doença, atualmente denominada de ergotismo.

Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar "possuído pelo demônio", com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de vingança ".


Livro "O Martelo das Bruxas"


Hoje podemos ter acesso a esse livro e sentirmos o horror que foi o tratamento das mulheres descrito no livro O Martelo das Bruxas.

Sinopse do livro:

O martelo das feiticeiras foi compilado pelos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger, e é um dos tratados mais importantes já escritos sobre a caça às bruxas. Apesar de ter sido condenado pela Igreja Católica, o livro continuou sendo editado e durante três séculos foi a bíblia de inquisidores por muitas partes da Europa, tendo contribuído para a repressão e morte de mais de 100 mil mulheres. Um documento histórico de grande valor que mostra as consequências de uma das mais terríveis épocas da humanidade, as condenações do Santo Ofício e o cenário europeu do século XV. A obra divide-se em três partes: a primeira discursa aos juízes, ensinando-lhes a reconhecer as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes. A segunda expõe todos os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os. A terceira regrava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las e condená-las.

Vou deixar o link da amazon se vocês quiserem comprar o livro. (Acessem por esse link).








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